Na altura estava a acabar o 12º ano e depois entrei para a universidade .
Lembro-me que na altura eu não pensei muito se queria ou não ir ou se gostaria de fazer outra coisa, fui meio que andando com a maré. Era o percurso que todos esperavam, que todos os meus amigos estavam a fazer, e, antes que me desse conta, estava longe de casa, num sítio onde não queria estar e a estudar algo que sinceramente pouco ou nada me dizia, mas, como era o que esperavam de mim, lá me deixei ficar. Hoje vejo que devia ter desistido assim que a tristeza e a frustração começaram a tomar conta de mim, mas não desisti, e sem perceber passaram 3, 4,5,6,7, 10 anos. Dez anos em que poderia ter feito tanta coisa que não fiz; dez anos em que fiz tantas coisas que na verdade não queria fazer.
Durante 10 anos, andei às voltas e voltas e parei no mesmo sítio. Gostava de puder dizer que acabei o curso, saí de casa e que tinha uma carreira bem sucedida, mas não tenho.
Contudo, estes dez anos tornaram-me a pessoa que sou hoje, e que provavelmente não seria se continuasse a seguir a maré. Se calhar era este o meu destino e lá na frente vou chegar ao meu final feliz.
Hoje tenho um trabalho (conversa para depois) , vivo sozinha e (re)descobri que tenho um amor enorme por animais e mais duas ou três coisas. Não estou feliz (ou completamente feliz), mas sinto que tudo é menos pesado do que foi nos últimos anos.
Aceitei que a vida não tem de ser perfeita, têm de valer a pena.
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